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terça-feira, 17 de maio de 2011

Sentido

Que busca desenfreada,
Que busca que empreendo.
Busquei-Te em tudo,
Em nada encontrei-Te plenamente.

Não que, em nada estivestes,
Oculto e claro permaneces.
Em tudo que criou o Pai Criador.

Do nada que sei, algo compreendo,
Compreendo, sem compreender.
Somente sinto que sentido tem,
A Vossa presença.

Carlos Cézar Raimundo
Postulante redentorista





domingo, 1 de maio de 2011

Consagração Religiosa


Consagração – disponibilização

“Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex 19,6). Com quanto amor Deus nos criou! Ele nos sonhou quais sacerdotes, nação santa, ou seja, quais promotores altamente qualificados de Seu reino no seio da humanidade! Um amor que nos dignifica, nos promove, nos leva profundamente em conta. Criou-nos preciosos a Seus olhos e a Seus planos de salvação. Sim, “foi Deus que nos fez, criando-nos no Cristo Jesus, em vista das boas obras que preparou de antemão, para que nós as pratiquemos” (Ef 2,10).

Neste tão alto conceito é que Ele nos sonhou. Mas, e aqui está outra grandeza de Seu amor: Ele não nos fez e não nos quis previamente ou necessariamente determinados para essa missão que sonhou para nós. Não nos quis quais robôs programados e acionados por Ele. Fez-nos tais que podemos inclusive, por livre opção, posicionar-nos na contramão de Seus planos: “vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça... Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e teus descendentes!” (Dt 30,15.19b). Ele sonha, deseja, mas paradoxal e principalmente Ele muitíssimo mais espera, torce por nós para que façamos a boa opção e assim nos coloquemos livremente do Seu lado, a Seu favor.

E ocasião ímpar para essa opção e, consequentemente, para que Deus nos tenha do Seu lado, é, para quem se sente chamado a ela, a consagração religiosa. Esta é o gesto decisivo com o qual alguém, livremente como que se despossui e se põe na inteira e absoluta posse e disponibilidade de Deus. Põe-se si mesmo com tudo o que é e tem, com sua vontade, nas mãos e Vontade de Deus. Cria e institucionaliza para si essa situação de estar em constante prontidão, ao inteiro dispor de Deus, faz disso a sua profissão!

Assim, o consagrado se compromete, por livre opção, a colocar Deus e Seus planos e Sua vontade como o absoluto para si mesmo. Acima de sua vida, de si mesmo, ele põe Deus e Sua vontade, acima de possíveis vontades pessoais que contrastem com a divina Vontade. E somente de opção, e muito corajosa, é que pode brotar essa consagração, por exemplo, em nossa Congregação Redentorista. Pois, para se “levar aos homens a copiosa redenção” – a exclusiva razão da existência de nós enquanto Congregação Redentorista – condições irrenunciáveis são a “evangélica simplicidade de vida e de linguagem, a abnegação de si mesmos, a disponibilidade constante para as coisas mais difíceis” (Constituição 20). Essas condições ou nascem dessa destemida, confiante opção ou nem sequer germinam!

Desse modo, essa disponibilidade radical, colocada nas mãos do Pai, e tão sonhada por Ele mesmo, praticamente define a vida religiosa consagrada. Se ela existe, acontece a vida religiosa. Se não, pode haver o título de vida religiosa, mas consagrada a Quem, por causa do quê? Os votos religiosos como que se sintetizam, concretizam-se nessa disponibilização de si a Deus para estar sempre pronto a atuar Sua vontade salvífica, buscada e discernida na mediação de superiores legítimos.



Pe. Domingos Sávio da Silva CSSR
Seminário Redentorista São Clemente II