Aproxima-se a Semana Maior de nossa fé cristã católica, pela qual somos chamados a uma profunda reflexão sobre nossa conduta de fé e vida. O Cristo nos leva a aproximarmos de nós mesmos, de nossas mazelas, de nossas cruzes e as coloca em conformidade com sua própria Cruz e seu próprio sofrimento.
O sofrimento do Filho de Deus teve sua concretude na vida humana que precedeu todo o mistério de sua vida e missão neste chão, nesta terra marcada pela injustiça, pela falta de compromisso, pelo desamor e pela opressão corrupta que assola a vida em seu sentido mais amplo, na dignidade de filhos e filhas de Deus. Vida humana que é humana com toda amplitude possível a tal condição, na sua inteireza e no seu doar-se a ponto de permitir sofrer tamanha desumanidade por parte dos que amou.
Contudo, a Cruz com Cristo passa a ter outro significado. De vergonha à glória, de derrota a erguimento, de morte à vida, enfim, de perdição e maldição à salvação e vitória. A Paixão de Cristo é um escândalo a ser superado, não podemos nos prender à Cruz como um simples acontecimento histórico, mas como algo que se perpetua, ou seja, a salvação continuada nas dores de cada irmão e irmã que sofre e oferece esse sofrimento pela causa do reino. Tais pessoas, como o Cristo, não oferecem seus sofrimentos, suas cruzes a Deus, até porque Deus não se alegra com sacrifícios e holocaustos, mas com nosso louvor e nossa doação ao povo, mas oferecem tais cruzes pela salvação do mundo, pela remissão dos pecados e pela reconciliação da humanidade entre si e, automaticamente, com Deus.
Enfim, a Cruz de Cristo reflete em nossas vidas a ação salvífica daquele gesto esplêndido e máximo de amor e doação. No silêncio da Cruz de Cristo a humanidade contempla o grito da libertação que Ele vem nos dar na Ressurreição e da mesma maneira que não há o Cristo sem a Cruz, não há a Cruz sem o Cristo, portanto, a todos que estão aflitos e sofrem, alegrem-se, pois na Cruz nossa de cada dia também está crucificado Jesus, o Redentor, para que possamos com Ele nascer para uma vida nova. Ressuscitar se faz eminente neste mundo em que a morte do sentido da vida assola nossa cultura, nossa vida e nossa fé. Ressuscitar é viver em Cristo mesmo quando o caminho parece escuro e sem saída, pois Ressuscitar é vislumbrar novos horizontes a partir da vida que vem de Deus e que é a semente da mesma Ressurreição prometida e alcançável por todos nós. Boa Semana Santa e uma feliz e abençoada Páscoa para todos!
Bruno Rocha Prudente
Postulante Redentorisa
2º Ano de Filosofia